sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cap. 9 – Convite.

Quando me dei conta, eu já estava entrando no carro de Nick, era um conversível vermelho, as duas perfeições, ele e o carro, completavam um ao outro.
A ultima cena que vi antes de partimos, foi o rosto furioso de Katy olhando diretamente para nós dois, o olhar dela dizia ‘’eu vou te matar’’. Porém, não fiquei com medo, agora que já estamos aqui, não gostaria de estragar nada.
Já estávamos na estrada, Nick dirigia numa velocidade agradável, o vento batia gostoso no meu rosto.
- Carro legal. – Comentei.
Ele olhou para mim e abriu um sorriso.
-Ganhei do meu pai de aniversário.
-Maneiro. – Foi a única coisa que consegui dizer.
No mínimo, ele tinha dinheiro, um carro desse não era barato.
Não falei mais nada depois disso, lembrei que quanto menos contato tivéssemos, melhor seria para mim esquece-lo de vez.
Mas no fim, ele quebrou o gelo.
-Estamos falando como antes agora.
Não sei se isso foi uma pergunta ou uma afirmação, mas tive que falar alguma coisa.
-Nunca paramos de nos falar.
Eu não olhei pra ele, mas senti e ouvi a sua risada.
-Não como agora.
A cada momento que se passava, eu sentia que o meu plano de nos afastarmos estava indo por água abaixo, e que eu estava o fazendo totalmente ao contrário, nesse momento, estávamos nos aproximando muito mais do eu queria, melhor dizendo, do que eu achava melhor.
Mas eu não conseguia me conter.
-Katy parecia furiosa depois que nos viu indo embora.
Ele abaixou os olhos e sorriu.
-Hoje é o aniversário dela, e nós resolvemos ir a praia para comemorar.
Na hora, na minha cabeça veio duas hipóteses.
A) Ele resolveu me levar porque a reuniãozinha deles estava muito chata.
B) Porque ele estava afim de mim e queria um tempo a sós comigo.
Descartei completamente a alternativa B, impossível.
Não sei o que aconteceu que no momento a única coisa que pude dizer foi um ‘’ah’’. Agora eu tinha entendido o olhar maligno que ela tinha lançado pra mim na hora em que eu estava indo embora, ao lado de Nick. Estava mais do que óbvio que ela gostava dele, ou não, para mim ela tinha cara que desejava que todos os garotos caíssem aos seus pés, e ela queria que Nick fizesse isso.
-Posso tirar uma dúvida? - Minha curiosidade sempre fala mais alto.
Ele apenas olhou pra mim e balançou positivamente a cabeça.
- Vocês dois já ficaram?
Eu não sei porque eu fiquei vermelha, não havia o porque de eu sentir vergonha de perguntar isso, mas nem eu me entendo às vezes.
Ele soltou uma lufada de ar e me encarou com aqueles olhos, que por sinal, por causa do crepúsculo, estavam um castanho mel que eu nunca tinha visto antes, ele era lindo.
-Sim, já tivemos um caso no passado.- Ele aprofundou a voz na hora de dizer ‘’passado’’. Não sei o que aquilo significava.
Bom, minhas desconfianças estavam corretas, ela era ainda afim dele e provavelmente os dois ainda não superaram o término, estava mais do que óbvio que ainda havia uma ligação entre eles.
-Mas não temos mais nada e nunca vamos ter.
-Porque? – Soltei essa sem pensar.
Ele riu e olhou para mim novamente.
-Porque ela quer voltar comigo só para eu ser o acompanhante dela no baile da escola.
É incrível como uma frase pode trazer turbilhões de pensamentos, ele tinha acabado de confessar que não queria ficar com ela por interesse, eu podia levar pelo lado de que ele ainda gostava dela e ela só usaria ele para isso, ou bem no fundo, ele não queria ser idiota e realmente não queria ir com ela no baile. Mas é óbvio que o primeiro pensamento falou mais alto.
Acho que ele havia notado o meu silencio e mudou de assunto.
- E você, irá com quem no baile?
Eu nem sequer havia lembrado que ia ter esse baile estúpido na escola, eu nunca havia ido a um e também não vejo o porque de ir, eu nem sei dançar e principalmente eu nem tinha um par para ir comigo.
-Eu não vou. – Disse por fim.
Ele me encarou e arregalou um pouco os olhos.
-Porque?
Esta sim é uma boa pergunta. Ah, claro, porque eu não sei dançar e também porque eu não posso ir a um baile sem um garoto do meu lado! Isso basta?
Eu não tinha o que responder, eu não ia dizer para um GAROTO que eu não sabia dançar e é claro não posso me esquecer, eu não tinha com quem ir, isso era extremamente constrangedor.
Por isso respondi com o meu silencio e deixei ele tirar as suas conclusões, devia ser menos pior do que eu falar.
Ele balançou a cabeça e soltou uma risada, acho que ele havia sacado.
-Você não tem um acompanhante.
A minha vergonha estava esculpida na minha cara, eu não podia ficar calada.
- Ah, hum, er, não, não é isso, tenho coisas mais importantes pra fazer no dia. – Eu não devia ter gaguejado.
- Não precisa mentir pra mim Emily, isso está escrito na sua testa. Mas não se preocupe, você acaba de arranjar um.
Eu o encarei perplexa, esse deus grego estava me convidando pro baile da escola? Era isso que eu tinha entendido? Não era, não podia ser verdade.
-Claro, a não ser que você queira.
Que frase tola era óbvio, estava na cara que era o que eu mais queria.
-Iai?
Ele olhou tão fundo nos meus olhos que eu conseguia me ver através deles.
Foi direto e totalmente sem pensar duas vezes.
- Sim, ok, eu irei.
Ele apenas sorriu com os lábios.
Eu mal havia percebido que já havíamos chegado na minha casa.
-Bom, ótimo, está entregue, nós combinamos na escola que horas vamos ao baile.
Parecia que eu estava sonhando. O meu ‘’obrigado’’ saiu como um sussurro, nos despedimos, como amigos é claro, e eu entrei para casa sem sentir realmente o chão, estava nas nuvens imaginando se aquilo era real de verdade.

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